O presente
Era o meu aniversário, à medida que o dia ia avançando o peso do
acidente, logo pela manhã, abatia-se sobre mim, ainda faltava a festa, não
assim tanto, surpresa e o imperativo regresso a casa.
Não era assim que havia imaginado o meu dia, e debatia-me entre
fugir ou aproveitar cada segundo, afinal ainda respirava depois do susto.
Decidindo ficar cheguei ao restaurante e entre abraços e beijos e
sorrisos de surpresa e agradecimento começámos a jantar.
A nossa mesa era a primeira do piso inferior onde desembocava a
escada de madeira, do ambiente harmonioso e acolhedor.
A certa altura entra um grupo de homens, vestindo polos pretos
iguais, uma despedida de solteiro assumimos e rimos e comentámos.
Os nossos olhares cruzaram-se assim que pisaste o primeiro degrau.
Sustive a respiração e fixei o meu olhar no teu, o barulho envolvente parou, as
conversas próximas cessaram, nada mais existiu até desapareceres do meu campo
visual e o vosso grupo se sentar na mesa mais longe e atrás de mim possível.
Tudo em mim aqueceu desde as bochechas rosadas, aos mamilos duros,
às palpitações que senti no baixo-ventre. Não te conhecia de lado nenhum e isso
não impediu de atiçar em mim um fogo silencioso.
Não estavas no meu campo visual de maneira nenhuma, acalorada
pelas sensações que me provocaste, levantei do meu lugar alegando todas as
desculpas esfarrapadas que encontrei no
momento e de forma nenhuma conseguia perceber onde te tinhas sentado.
O meu jantar havia terminado e como anfitriã
da minha própria festa saí por último, agradecendo o serviço, a qualidade,
despedindo-me.
Quando cheguei à escada o teu olhar queimou as minhas costas, o
meu corpo arrepiou da nuca aos tornozelos, três degraus depois era imperativo
que soubesses que te sentia e de rompante virei-me, deixei que as minhas costas
batessem na parede, ficando de frente com o teu olhar fulminante, intenso e
poderoso.
Naquela fração de segundo ninguém ousou cruzar o corredor que os
nossos olhos criaram, durou o tempo suficiente para nos marcarmos, para te
sorrir, para me sentir mais húmida que nunca e acelerada e acenar um adeus com
o ar mais safado que tinha disponível.
Com as pernas meias bambas subi as escadas e reencontrei-me com o
meu grupo à porta do restaurante.
Não me saías do pensamento, da imaginação e do corpo, desfilavam
pelo meu pensamento ideias para voltar ao restaurante, para chegar a ti, pedir
o teu contacto... algo… algo mais que nada… Quando sinto um toque nas costas e
uns braços a envolverem-me a cintura, entre a surpresa e o calor do corpo que
se colava ao meu, olhei e recebo dos teus lábios um sedutor “olá”, seguido de
um “não te podes ir embora sem o teu presente, vem comigo”.
Sem dar a entender aos meus amigos que eras um estranho, murmurei um
“Já lá vou ter com vocês, até já”, enquanto sentia a força da tua excitação nas
minhas nádegas e me deixavas ainda mais em brasa.
Quase corríamos de mão dada e ríamos com uma mistura de excitação
e nervosismo, havia provocado em ti a mesma tesão que eu estava a sentir e não
dava para disfarçar. Procurámos pouco, um local qualquer mais ou menos escuro,
mais ou menos seguro, a vontade que nos percorria deixava-nos os sentidos
entorpecidos.
Encostaste-me à parede, como eu fiz ao subir aquela escada e
segredaste-me ao ouvido que dificilmente controlaste a tesão no momento que te
acenei o adeus e precisaste de te recompor para poderes correr ao meu encontro.
Encostaste-me à parede e beijaste-me sofregamente o pescoço, com
as mãos apoiadas na parece, enquanto eu te puxava para mim, para que a
distância entre os nossos corpos fosse a menor possível.
Era verão e a minha decisão de vestir um vestido leve e sem roupa
interior, como tantas vezes faço, revelou-se excitante, a tua mão subiu pela
minha coxa e encontra-me quente e muito húmida, ficas ainda mais duro, senti-te
na minha mão que te acariciava por cima da ganga.
Atiro-me à tua boca ao mesmo tempo que sinto os teus dedos dentro
de mim, toda eu estremeço de prazer e de vontade de mais, as tuas mãos
descobrem o meu peito firme, os meus mamilos duros e a minha tesão a ficar
descontrolada, os teus dedos não têm dó de mim, nem tu, que desces e me tocas
com a tua língua no centro do todo o meu prazer, não reprimo o orgasmo que me
invade poucos segundos depois, refreio na medida do possível a vontade de gemer
bem alto.
Beijas-me a boca, as tuas mãos agarram e apertam as minhas nádegas
e normalizo o ritmo cardíaco completamente arritmado.
Solto o teu pau duro das calças e ponho-me de cócoras ao seu nível
e durante alguns minutos lambo-te, olhando-te nos olhos, deposito intensidade
no broche guloso que te faço e sinto-te a estremecer. Das parcas palavras que
te ouvi dizer são um murmúrio excitado “assim não me aguento” ao que te
respondo “e?” e não abrando nem as mãos, nem a boca, que recebe uma jorrada
quente do teu leite que não desperdiço nem uma gotinha.
És tu agora quem tem de acalmar um coração descompassado e
fazemo-lo com beijos quentes e sôfregos.
Ainda estou encostada à parede quando te afastas e dizes já a uns
passos de mim:
- Parabéns!
Mel Silva
(nome fictício)
Passatempo - Eu também sei escrever - fevereiro 2022
Espectacular!
ResponderEliminarA intensidade e ousadia, bem como a capacidade criar uma imagem muito própria!
Parabéns! :)