quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

O poder de uma pavlova




O encontro para o café estava mais do que combinado. As redes sociais têm destas coisas, o café e o cara-a-cara já só vêm depois de muito gozo e prazer em frente ao telemóvel. Foi graças ao Tinder que nos conhecemos e através do teclado contamos os nossos pensamentos mais dirty e mostramos aquilo que somos sem filtros e sem receios de sermos julgados. Quando há um primeiro beijo real, normalmente já houve muitas promessas de beijos e outras carícias mais íntimas. Quando há uma primeira roupa que começa a ser despida, entre 4 paredes, normalmente já houve várias fotos trocadas onde nem se visualizam tais peças de roupa.  

Hoje só íamos beber um café, numa bonita esplanada escolhida por ele com vista para o Tejo. Estava um calor abrasador e eu vesti o meu vestidinho curto e esvoaçante, fresco e revelador. Ele ia gostar. O meu nervosismo era bem visível e ele ainda não havia chegado. Ajeitei o cabelo inúmeras vezes e verifiquei o telemóvel umas outras quantas. Ansiava com o coração aos pulos finalmente conhecer aquele homem que tanto mexia comigo. Aquele homem, que tal como eu, quer viver novas experiências, novas fantasias mas não sabe bem como. Faltavam ainda dez minutos para a hora combinada, eu gosto de ser a primeira a chegar, e espero que ele não seja daquelas pessoas que chegam com meia hora de atraso. Não iria aguentar... 

Fui bebendo uma Coca-Cola com gelo e limão e aproveito para reler algumas das mensagens trocadas com ele. Iam do mais romântico ao mais dirty. Éramos muito semelhantes mesmo e as nossas conversas aqueciam-nos antes de irmos dormir ou por vezes, antes de começarmos a trabalhar... Oh my God, só de reler estas trocas de ideias acabo por ficar excitada e contorço-me e remexo-me na cadeira. O clitóris agradece os pequenos movimentos de anca que faço. Ninguém vê, ninguém percebe mas é tão bom. Caraças aquele gajo vem preparado apenas para uma  conversa e um café, mas eu acho que vai-me apetecer mais, muito mais... 

Sinto-me observada e olho para o meu lado quando o vejo a subir a rua... Sorridente. Também ele já me vislumbrou e agora sim, o meu coração disparou e tenho receio que se note que este homem me excita mais do que tudo. Sem desviarmos o olhar um do outro, ele aproxima-se, as minhas pernas tremem, e damos um abraço carinhoso, seguido de dois beijinhos nas faces. Que bem que cheira... Que sorriso lindo... Controlo-me para parecer um encontro casual, não quero que ele perceba que estou nervosa, ansiosa, excitada...  

O nervosismo afinal era para ambos os lados. Eu é que sou uma tonta infantil que fantasio demais por um lado, e por outro tenho receio de ser uma desilusão. Nem falo do aspeto físico, não é isso que faz de mim a mulher que sou, mas sinto que posso não corresponder às expectativas intelectuais da outra pessoa. Os nossos sorrisos permaneciam acesos e ele tinha um ar ainda mais dócil e simpático ao vivo. Mas tamém denotava algum nervosismo. Tomou a iniciativa de pedir uma fatia da pavlova de frutos vermelhos que espreitava pela vitrina. "Com dois garfos?" perguntou a menina do café de cara sardenta e cabelos cor de cenoura. "um chega, obrigado" respondeu ele piscando-me o olho.   

“Como é que sabes que adoro pavlova?” Perguntei-lhe surpreendida pois nunca tínhamos falado no assunto. Ele riu e respondeu que foi um palpite mas que também adorava pavlova. O sol estava quente e incidia diretamente sobre ele. Com segundas intenções ou não, levantou-se e pegando na cadeira disse-me, com uma voz sensual e com um toque abrasileirado "Vou para mais perto de ti... Este sol está muito quente, e tu pões-me em brasa, portanto..."Colou a sua cadeira à minha e nesse mesmo instante o vento passou rasteiro nas minhas pernas e levantou o tecido da saia, deixando à mostra as minhas pernas bronzeadas.  

 "Vieste de saia, sua marota. Sabes o que isso me quer dizer, não sabes?" Sorri para ele e ajeitei o vestido, fingindo uma timidez que não existe em mim..."Não percebo o que queres dizer com isso... Ando muitas vezes de saia. Está calor e tu também me pões em brasa." Encostei discretamente a minha perna à sua, ou terá sido ele que tomou a iniciativa deste toque, no momento em que fomos interrompidos pela menina ruiva e simpática e pela fatia de aspeto delicioso da pavlova, com um garfo apenas. Obviamente que esse garfo foi partilhado. Tal como a fatia. Primeiro ele que se deliciou a dar uma primeira dentada e depois levou o garfo à minha boca com um pedaço generoso daquela doce sobremesa que iria fazer disparar os níveis de açúcar no nosso sangue.  

Obviamente que pequenos pedaços de açúcar ficaram perdidos nos meus lábios e antes que eu limpasse com a mão, impediu-me agarrando-me na mesma e, quase em câmara lenta se aproximou e deu-me um beijo que depressa se transformou num bonito momento de intimidade, saboreando as pequenas migalhas que tinham ficado nos meus lábios. Esperava este beijo porém não esperava que fosse acontecer tão cedo... O vento aproveitou-se e levantou de novo a minha saia esvoaçante e senti o toque quente da sua mão na minha pele. Nenhum de nós queria terminar o beijo. Pelo menos eu sentia que se estivéssemos num quarto de hotel já nos estaríamos a despir... Terminado o beijo olhámo-nos com uma doçura que se foi transformando em olhar de fome e tesão. 

"Olha como me deixaste" disse ele apontado para a zona da braguilha da calça de ganga. Estava bem visível. Mordi o lábio, olhei em redor, aproximei-me sorrateira, toquei no seu membro e com gestos suaves senti toda a sua grossura e rigidez. "Quero prová-lo hoje... agora!" Disse-lhe enquanto me levantava com rapidez e me dirigia à caixa para pagar. Ele sorriu e não se levantou logo, por razões óbvias. Depois de pagar voltei para perto dele, estendi-lhe a mão, pisquei-lhe o olho e disse-lhe "Conheço um sítio onde poderemos estar mais à vontade, Anda!"... 
A miúda gira de sardas e cabelo cor de fogo ficou a olhar para nós com um sorriso nos lábios. Será que percebeu a tensão que por ali se sentia? Acho que era notório...



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