As ruas de Lisboa estavam
desertas. Os transportes tinham apenas um ou dois passageiros. Os ruídos
normais do trânsito e das vozes das pessoas deram lugar ao chilrear dos
passarinhos ou à dança que as folhas das árvores fazem com o vento. Estamos a
apertar as medidas de contingência para evitar ainda mais os contágios mas eu
tenho de fazer esta mesma viagem 3 vezes por semana. Este trajeto que eu tão
bem conheço. Casa – supermercado – farmácia – casa da mãe – casa da avó, ali
bem perto dos Olivais. Fico sempre à porta de cada uma delas, após deixar os
sacos das compras, mando beijinhos pelo ar, e digo-lhes que se cuidem e que
tenham paciência que isto em breve vai acabar... Elas sorriem, mais a minha avó
que a minha mãe, que sempre foi uma resmungona e pessimista. “Ó Alexia,
trouxeste-me o álcool-gel como eu pedi?”. “Não havia, mãe. Está esgotado. Lava
bem com água e sabão. É a mesma coisa. Vá, até amanha, jeitosa. Logo à noite
telefona-me.” ...
No regresso a casa de hoje houve
uma diferença. Finalmente algo digno de agitar o meu dia e, pode muito bem ser
já considerado como o ponto alto destes 2 meses de confinamento. O nosso
reencontro no metro foi algo que ambos precisávamos e que, não nos viremos a
arrepender, de certeza. Sentada na carruagem do metropolitano, na estação do
Oriente, aguardava-se a hora de partida, mas não parecia haver mais
passageiros. Iria aproveitar para continuar a ler o meu livro Sexus do Henry
Miller. Não é um livro fácil por isso só o leio quando não tenho distrações.
Algo que acabou por não acontecer. Acabava de entrar, uns segundo antes do fecho
das portas, a minha distração para aquela viagem. Entraste tu!
“Alexia? És mesmo tu?” –
perguntaste-me assim que ingressaste na minha carruagem deserta e te sentaste à
minha frente, ignorando as distâncias recomendadas pela DGS. Ambos sorrimos por
baixo das máscaras cirúrgicas e sentimos a falta do beijo e do abraço. “Pedroooo,
fogo. Estás tão giro com esse cabelo assim comprido.Há tantos anos que não te
via...” Sempre foste um borrachinho, desde os tempos de escola. Todas as miúdas
tinham uma ligeira queda por ti, mas tu só pensavas em futebol. Ainda te
consegui sacar umas curtes, por trás do Pavilhão B. “Lembras-te Pedro? Quando
fomos apanhados pelo “sô contino” Carlos. Eu só tive tempo de ajeitar as mamas
no soutien...Oh meu Deus!” Abanaste a cabeça e soltaste uma gargalhada. “Se me
lembro Alexia, eu tive de me curvar e pensar em coisas feias, que o pau feito
de um miúdo de 16 anos não verga facilmente... “
O metro seguia o seu caminho , na
sua velocidade normal mas nós nem prestávamos atenção a mais nada. A nossa
conversa era agora o centro do mundo. “O que fazes agora? Não me digas que
seguiste a área de teatro, como dizias naquela altura...?” Quase que acertavas. Faço com cada filme, às
vezes. Tal como agora, nos segundos que demorei a responder, fiz o nosso filme
ali naquela carruagem vazia a necessitar de ação e ambos íamos ficar a arfar. “Olha
sou escritora...E tu? Algo relacionado com o desporto, só pode.” “Adivinhaste.
Estou ligado ao mundo do futebol, sou preparador físico. Mas escreves o quê?”
Em menos de 2 minutos estavas a ler
o blogue Histórias da Alexia e começavas a remexer-te no banco da nossa
carruagem ainda vazia. “Bem, isto não é nada do que eu estava à espera Alexia,
sua grande malandra...Não posso ler isto agora pá... É muito forte!” e
desatámos a rir que nem doidos. Em Chelas entrou uma senhora, já de uma certa
idade, olhou-nos por cima da máscara e acenou. Era fácil cumprimentarmos agora
quem se cruzava connosco, por sermos tão poucos, felizmente, sentou-se bem
longe de nós. Olhei-te nos olhos e disse-te: “Estou já a imaginar um conto
erótico contigo, aqui no metro. A senhora é que não fazia parte, mas se formos
rápidos e silenciosos... E neste conto há algo novo, algo que ainda não tinha
experimentado!” Sentei-me a teu lado e coloquei a mão na tua perna. “A Alexia
dos contos costuma dar beijos. Desta vez não vai haver beijos, por causa das
máscaras...” A minha mão subiu lentamente e logo te toquei no membro, grande,
latejante... Massajei-o e fechaste os olhos.
“Vai ser como no bons velhos
tempos? Vamos ficar só pelos amassos, Alexia?” Perguntaste-me ao ouvido,
arrepiando-me, no exato momento em que a tua mão alcançou o fecho do meu casaco
e o abriu de repente até poderes mergulhar à vontade no meu peito. Abalaste
toda a minha estrutura de mulher forte e controlada. Voltei a ser a miúda que
se escondia atrás do pavilhão B, para dar uns linguados no bonzão da escola,
com a líbido a rebentar pelas costuras e sem saber bem o porquê. Com mão
segura dos teus movimentos agarraste-me numa mama, apertaste, sorveste a saliva
e eu gemi. De olhos fechados deixei-me levar e apreciar aquele toque, com
cheiro a adolescência e tesão urgente. A minha mão continuava por cima das tuas
calças a afagar e a apertar o teu pau que lutava para se libertar das calças de ganga. “Huummm,
Pedro, temos de sair daqui. Acho que há aqui câmaras, foda-se”... Olhei em
redor, a senhora estava sentada de costas para nós e quanto a câmaras, não as
vi mas juro que as há.
Não respondeste mas já a tua mão
direita iniciava as carícias esperadas no meu sexo. Com gestos estudados e calculados,
mostraste que apesar da barreira das calças de ganga, conhecias a anatomia
feminina e não andaste ali às voltas. Sentias o meu calor húmido e percebeste
que estavas no caminho certo. Há uns bons tempos que não havia toques alheios
em mim. Apenas eu me tocava e os meus brinquedos portanto, estavas a ser mesmo
a melhor experiência desta quarentena. “Temos de sair daqui Alexia, estou a
rebentar de tesão. Que loucura!” O nosso transporte estava a abrandar e a
chegar à estação seguinte – Olaias. Deste-me a mão e um beijo imaginário entre
duas máscaras cirúrgicas surgiu. Os nossos olhos brilharam de excitação e apertámos
as mãos, ansiosos em frente à porta, esperando que se abrisse, tal como
esperávamos pelo toque da campainha do intervalo grande, para irmos de mão dada
lá para trás do Pavilhão B.
“Próxima estação Olaias” ouviu-se
a voz andrógina de GPS e nós sustínhamos a respiração como que a poupar fôlego
para os nossos planos. Mas que planos, caralho? Eu não tinha planos nenhuns.
Iria ter de confiar em ti. “E agora Pedro? Para onde vamos?...” Corremos um
pouco pela plataforma da estação e percebemos que éramos mesmo as únicas
pessoas por ali. “Miúda, estamos sozinhos, anda...”Encostaste-me a um pilar
gigante e vermelho num ângulo em que só seríamos vistos quando passasse um novo comboio e
ainda antes do nosso continuar a viagem, já te encostavas a mim, roçando-te numa
dança de sexos vestidos mas com muito calor e paixão. Sentia-te duro e urgente
para me rasgares e penetrares. Sentia-me húmida e relaxada para te receber. Não seria algo demorado, mas era algo que tinha demorado imensos anos a acontecer. Frente a frente, tornava-se difícil. As
máscaras eram ainda um entrave. Gostava de te beijar caralho, mas era um risco
acrescido. Íamos foder ali... era mais arriscado que beijar? Foda-se.
Virei-me de costas para ti e
baixei ligeiramente as calças, soltando as nádegas e empinando o rabo para ti. Não precisaste esperar pelo
meu pedido. Acho que antes de acabar de verbalizar um “fode-meee” que ficou
meio preso na máscara, já o teu pau iniciava o caminho até então desconhecido.
Aos 16 anos e na escola não passáramos mesmo dos beijinhos. Mal sabíamos que
anos mais tarde iríamos cometer esta loucura tão insana, mas tão prazerosa.
Entrou sem pedir licença.
Escorregou com facilidade, sem descarrilar. Realmente parecia conhecer o
caminho. Colaste-te a mim. Cara encostada ao meu pescoço, sentia a tua
respiração, audível, rouca, tensa... Iniciaste as estocadas a uma velocidade
lenta, de modo a apreciarmos a viagem. As tuas mãos faziam reconhecimento de
todos os outros meus pontos de interesse e eu gemia. Sentia-te. Fechava os
olhos e via-nos com os mesmos 16 anos, a foder contra a parede do pavilhão B.
Era uma das minhas fantasias recorrentes dos tempos de adolescência. E agora
não era nenhuma fantasia. Não era na escola e não seríamos apanhados pelo “sô
contino”.
O prazer gritante de te sentir dentro de mim chegava agora a todas as
células do meu corpo. Conseguiste descobrir o clitóris e o toque certeiro que me levava a acelerar pelas estações e
apeadeiros sem sequer abrandar a velocidade. As tuas estocadas aumentaram de
intensidade e de velocidade. “Pedro... isso, continuaaa... Vou-me vir assim.”
Avisei, quase gritando, ao mesmo tempo que se começa a ouvir os gemidos e
estalidos da linha eletrificada do metro anunciando a chegada de mais uma
composição.
“Anda, Vimo-nos os dois... Hummm”...
E sem te descuidares do teu toque, cada vez mais rápido e ritmado em mim,
encetaste uma corrida louca de vai-e-vem dentro de mim até se ouvirem os nossos
gemidos guturais que ecoaram pelas paredes da estação vazia mas, que de um momento para o
outro se encheu de prazer, luxúria e sorrisos escondidos pelas nossas máscaras
cirúrgicas. Já se avistava o comboio no início da plataforma quando acabávamos
de subir as calças após uma das maiores loucuras que já fizera em toda a minha
vida.
“Ai Alexia, Alexia...Foi tão bom. Parecíamos os adolescentes de há 20 anos.”
“Ai Pedro, Pedro... Não te importas que eu inclua esta nossa história no meu
blogue, pois não? Foi tão bom que parece ficção!” Disse-te sorrindo e piscando o olho. Puseste-te a pensar e a observar a composição que parava agora e abria as portas para saírem umas 5 ou 6 pessoas.
Entrámos também, sentámo-nos lado a lado e enquanto recuperávamos a respiração
acabaste por responder: “Claro que podes escrever a nossa história, mas com a condição de que assim
que não for preciso usar máscara, marcamos novo encontro. E já agora, se
possível, num lugar mais privado e seguro”. “Está combinado Pedro. Trocamos números
de telefone também? Não me chega esta rápida troca de fluídos. Soube a pouco,
mas soube tão bem!”...
Voltámos a encontrar-nos em junho, mas essa história fica para uma próxima oportunidade!
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