quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

O som dos sapatos altos...


Era quase meia-noite. O som dos saltos altos dos meus sapatos novos ecoava pela calçada lisboeta e eu tentava manter a compostura, agarrando na saia esvoaçante a que o vento tentava dar vida própria. Cruzei-me com um grupo de jovens já embriagados que aproveitaram para mostrar a parvoíce inerente à idade. " precisas de companhia princesa? “ ao que lhes respondi no meu inglês mais perfeito " fuck you children". Riram-se e continuaram cambaleantes pela rua abaixo em busca de problemas. Chegava em menos de 2 minutos à morada que me havias enviado por mensagem privada.
O nervosismo associado ao início de algo que nunca havia feito na vida deixou-me de pernas a tremer. Acendi um cigarro e fumei-o rapidamente antes de tocar à campainha. Uma menina bonita e sorridente abriu-me a porta.                                                              
Após explicar-lhe que era a primeira vez que ía àquele espaço, a miúda, afavelmente, ofereceu-se para me mostrar o espaço. A decoração retro, a iluminação feita apenas por pequenos candeeiros antigos, as paredes de cores escuras davam um ar sensual a todo o espaço. Os sofás e poltronas de tecido aveludado, os móveis antigos de madeira escura e os tapetes grandes faziam-me recordar a casa da minha bisavó. Os saltos dos meus sapatos continuavam a denunciar a minha passagem. As poucas pessoas que já se encontravam bem instaladas e divertidas, de copo numa mão e cigarro noutra, calavam-se à minha passagem e ficavam a observar-me. Perceberiam que eu era novata? Ou estariam apenas a tirar-me as medidas? Nesta pequena visita guiada fiquei a conhecer também os recantos mais privados, que de privado teriam pouco.                                                
Nessa altura questionei-me se iria dar uso a uma das camas... Provavelmente não. Estava envolta nestes pensamentos quando senti a tua mão na minha cintura. Virei-me para ti e sorrimos.Era a primeira vez que nos víamos após algumas trocas de galhardetes relacionados com os conteúdos eróticos que ambos partilhamos na net. Após os cumprimentos iniciais dirigimo-nos ao balcão e pedimos as nossas bebidas. Eu bebi um vinho e tu um gin. Sentamo-nos numa poltrona verde e eu bombardeei-te com as perguntas mais tolas e curiosas sobre ti, sobre a tua escrita e sobre o que passava normalmente nas camas que havia visto. Tu rias e contavas, por alto, o que normalmente acontece entre aquelas paredes. "Podes participar, podes ver... Se te apetecer ter sexo, aqui é o local onde podes fazer sem vergonhas e sem pudores".                                 
As borboletas na barriga pareciam bater palmas quando falaste em ver. "Miúdo, vou ser sincera contigo. A ideia de poder ver, duas pessoas a darem uma queca é bastante excitante..." Bebemos mais um pouco até chegar a tua amiga, frequentadora assídua do espaço e a tua companhia "ativa" para hoje. "Queres pôr em prática a tua fantasia, miúda?" perguntaste enquanto te levantavas e me piscavas o olho. Deste-me a mão, ajudaste-me a levantar e seguimos de mão dada até um dos quartos. 
À nossa frente seguia a tua amiga e os saltos altos dela concorriam com os meus no som que provocavam ao tocar no chão frio de mármore. Por onde passámos cabeças viraram-se e olhares acompanharam a nossa caminhada até desaparecermos por trás das cortinas escuras e espessas.                                          
A miúda dirigiu-se para a cama e tu levaste-me até ao sofazinho preto, de dois lugares mesmo de frente para a cama extra-larga. "Diverte-te miúda e obrigado por teres vindo! Não te irás arrepender..." Deste-me um beijo carinhoso na face e foste ter com a miúda. Sentei-me, desconfortável pela situação que era tão nova para mim, mas ao mesmo tempo bastante excitada e ansiosa perante o quadro que se avizinhava. Não era exatamente o mesmo que ver um filme pornográfico, ali não havia cortes, nem guiões, nem close-up, nem fingimentos. Havia sentimentos e prazer real. O que vi é difícil passar para palavras. O que aconteceu foi semelhante ao que acontece com um gajo qualquer. Foi uma queca. Mas não foi a minha. Os corpos nus, as mãos percorridas, os beijos trocados não me provocavam as sensações a que estou habituada. Mas sim, fiquei tão excitada como se lá estivesse.                                                         
Fiquei molhada ao ponto de sentir as cuecas encharcadas. Senti o calor no corpo como se fosse eu a cavalgar em ti. O facto de por vezes olhares para mim enquanto a penetravas, deixou-me com uma estranha vontade de me juntar a vocês e ser penetrada por ti também. Os gemidos que a miúda soltava enquanto te delíciavas a fazer-lhe sexo oral, podiam ser os meus. Pouco tempo depois juntou-se a mim um casal que, para complicar ainda mais a situação ficaram no sofá a verem e a tocarem-se mutuamente. Fuck! Contorci-me no sofá contraí o baixo ventre e senti que se alguém me tocasse no clitóris, naquele momento, o orgasmo surgiria em menos de nada. Continuavas a fode-la. Ela de quatro, tu por trás. Ambos virados para mim a olharem-me nos olhos. O prazer que eu sentia não era só de vos ver a foder .                                                 
O facto de eu saber que estavam a sentir prazer por eu estar a ver... Fuck. Agarraste-lhe no longo cabelo preto e encaracolado, ela arqueou ainda mais as costas e eu não consegui aguentar mais. Deslizei a mão direita para o meu centro nevrálgico. Levantei a saia e por cima das cuecas húmidas toquei-me. Viste o que eu estava a fazer. Sorriste e continuaste a investir na miúda. O casal do lado nem via nada, aos beijos e amassos esperavam que a cama vagasse para passarem a ser eles a usufruírem da mesma. Os meus dedos hábeis e conhecedores do toque certeiro provocavam-me as sensações que eu tão bem conhecia, mas amplificados ao máximo. Voyeur a 100% era como eu me sentia. O contacto ruidoso dos vossos corpos denunciava um orgasmo prestes a chegar... Não seriam os únicos. Mordi o lábio inferior enquanto, de olhos bem abertos observei o vosso culminar.          

Os vossos gemidos de prazer, a visão que me há-de ficar para sempre na memória e o toque rápido e ágil dos meus dedos no clitóris, levaram-me também a um orgasmo grau 9 na escala de Richter. Fuck! Todo o meu corpo estremeceu e de olhos fechados, senti as descargas elétricas, que possivelmente fizeram interferências na iluminação do quarto.
Se me perguntarem se gostei da experiência, qual será a melhor resposta? Só posso dizer que superou todas as minhas expectativas. Adorei!
Quando, mais tarde me acompanhavas ao carro, agradeci-te a oportunidade de vivenciar esta experiência. Perguntaste se pensava voltar e, com um sorriso malandro, respondi-te "Até amanhã, miúdo!".